sábado, 1 de agosto de 2009

História de uma separação

Aquele menino assustado, do outro lado da rua, encostado na parede pediu que eu fosse sua. Pediu somente uma vez, na voz de outro menino. Um mediador. Pediu com medo do não. Alimentei seu medo: fugi. Deveria saber, não se faz isso com um guri. Nunca mais pediu meu coração, muito menos a minha mão. Muito mais tarde soube pedir meu corpo, meus pensamentos, meu espírito. Pediu de um jeito manso, todo seu. Deixou marcas sempre refeitas a cada reencontro. Hoje desfeitas finalmente. O tempo levou embora nossas ilusões. Mas passem dias ou tempo bem maior. Passem anos, vidas inteiras; fui marcada por aquele menino. Foi a força de seu olhar plantada em mim desde aquele dia; quando o vi do outro lado da rua.

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