quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sonho de mim

Deslizava sem querer pelas frestas da estrada e me vi sendo levada pela correnteza de uma chuva torrencial de inverno. Confundida com a lama chocolate com café passei despercebida pelos salvadores do mundo. A lama engrossava, a chuva aumentava. Nem sei por onde passei. Fui levada sem direito à opinião.
Já era de manhazinha quando dei por mim no encosto de um sofá abandonado na beira do rio. O canto dos pássaros me fizeram pensar que estava em casa, mas não estava. Eu estava em algum lugar longe de casa, longe do meu aconchego, longe até de mim. Quis entrar em meus apavoramentos de costume, mas alguma coisa em mim já estava em cicatriz com fiapos de casca e resolvi tomar atitudes de coragem e dona da situação. Levantei do sofá devagar com receio de desequilíbrio e fui sentindo o chão pra ver se movia ou se estava pronto pra receber meus pés temerosos. Já de pé, olhei em volta ainda com a vista embaçada e dei por mim sentindo a carícia do vento. Estava viva enfim e sobre meus próprios pés.
Pensei em vida com sonhos de futuro, em fazer coisas como quem crê em tudo, como quem acredita que tudo vai dar certo e que nada, nenhum passado ou chuva podem provar do contrário. Respirei fundo, ouvi os pássaros cantando mais alto, mais forte e acordei. Estes eram os pássaros em meu jardim. Sonho de mim.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Dias repletos

Têm razão aqueles que dizem que precisamos nos abrir para experimentar novos olhares sobre nossas realidades. Hoje é um daqueles dias em que voltei a experimentar a vida repleta de felicidade e reconhecimento de meu potencial para ser feliz. Alguma coisa em minha performance de ontem, quando e enquanto cantava para aquele grupo de pessoas, fez surgir em mim um novo estado de espírito, um estado de graça. Não sei quanto tempo isto vai durar mas é muito boa esta sensação de ser admirada e bem-vinda em algum lugar, em algum momento, por menor que seja. O convite para ir cantar teve o efeito de aquecimento de minha voz, de minha crença, de minha esperança em dias melhores com e pela música. Voltei a saber que posso fazer coisas legais e visualizar momentos de realização com pessoas e que isto é tudo de bom. Têm mesmo razão aqueles que dizem que não podemos nos fechar à convivência com pessoas e ainda mais quando elas nos chamam. Foi um presente. Experimentei coisas que precisam ser aperfeiçoadas para que eu possa retribuir melhor à confiança que depositam em mim quando me chamam para cantar. Sei que fiz mais que cantar. Recitei um poema e falei de minha preocupação com a Educação Ambiental, que precisa dar um jeito de levar mais esperança do que medo, mesmo que nossas pesquisas indiquem a catástrofe. Descobri ali que estes momentos podem ser recheados de várias texturas de expressão e comunicação com os presentes, além da música. Estou feliz. Estou repleta deste momento, desta experiência feliz.