terça-feira, 18 de junho de 2013

Digo

Poderia escrever mais, entregar-me à escrita, aperfeiçoar um estilo, dar tudo de mim, chegar ao esgotamento das buscas pelo inédito,  pelo não dito. Que ilusão estaria alimentando se acreditasse nisso. Não há muito o que ser dito ou inventado a não ser viver as rotinas com alguma dignidade. Não me interesso mais pela criação da obra, mas por descobrir obras de quem já acreditou ser possível criar o inédito. Por isso, hoje me perco em aquisições de livros belos, estimando as imagens e poucos conteúdos escritos.  A botânica, os jardins, fauna, flora, fotografia. Quero a beleza do dito sem palavras. E das palavras, desejo-as poucas, em poesia consagrada, sem medo da perda de tempo em descobri-la. Afinal, nem tanto tempo eu tenho para esta nova fase de ouvir aqueles que me legaram sua criação. Eu quero aconchegar-me na história da arte e da natureza e bebe-las como licor de amêndoas, bebericar, servido passo a passo, guardando a garrafa no armário pra ter que me levantar cada vez que quiser calibrar o pequeno copo de cristal. Eu quero fazer pequenos passeios e registrar imagens em minha câmera fotográfica pra poder admirar várias vezes mais tarde, descobrindo minha amadora astúcia técnica e meu olhar poético do mundo que ainda consigo ver. Isto não é desencantamento, ou pessimismo ou coisa pra se dizer num leito de morte não. Isto é a celebração da consciência de uma gratidão pela vida que não tem medida.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Política e Religião



Novos tempos, velhos templários. Partidos políticos perderão vagas. Religiões formarão guerreiros, divisões, retrocessos, pragas. Mídias, opiniões vagas virando corrente, leis, apenas virtuais. Ativando-se repressões, sem saber mais se realidade ou ficção, tudo resultará em puro cinismo, sem mais ideias, apenas lembranças. Um dia sonhamos com a solidariedade e nem chegamos a vivê-la. Mas quando alguém ouvir um som além ou sentir o cheiro forte do cimento, saibam que em algum lugar, um insano atômico e centrado, bem mais perto do maquinário, clicou no botão só pra ser o último templário. E aí, manos e manas, acabarão todas as preocupações mundanas. Sempre irônica, em vias de ser pulverizada eu lembraria que agora ninguém mais representaria ninguém. Poeira ou alma, vagando por novos territórios, sem tempos ou templários.