quarta-feira, 14 de julho de 2010

Quando o filho chama

Quando o filho chama não dá pra não atender. Ele diz manhêe e a gente regride aos tempos em que ele era menino, quando tinha febre e o acolhía em meus braços em forma de concha. Uma concha de mãe. Ele adormecia tão seguro em meu colo, tão profundamente, que podia levá-lo pra cama sem suspeita de que despertasse. Tão seguro em meus braços fortes. Deixava-o na cama bem ajeitado e coberto pra que não sentisse frio e voltasse a sentir minha falta. Mas agora são do mundo, são do mundo os nossos filhos . Sabem se virar, mas quando chamam manhêe, com medo da doença, esquecemos nossos próprios medos e criamos coragem pra sair pela mata, como leoa alfa desbravando aviões e aeroportos do pânico próprio.
Quando o filho liga a cobrar de manhã cedinho chamando manhêe é porque é sério. Péra aí filho que a mãe já está chegando. Fica firme. Vou chegar aí, passar metiolate e soprar na ferida e tudo vai ficar bem.

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