domingo, 14 de março de 2010

Memoriais no jardim

Há muito tempo atrás plantei 5 ciprestes em meu jardim. Foram plantados alinhados ao lado de um viveiro onde encerrava um casal de gansos. Foi um bom tempo. Meu filho era pequeno e criou as aves desde pequenas. Os gansos não existem mais e nem o viveiro. Mas os ciprestes cresceram robustos porque ficavam perto de toda aquela adubação dos gansos. Um dia daqueles de entardecer quieto, admirando aquele conjunto de árvores enfileiradas olhando para mim, decidi que elas representariam a minha família. Passariam a compor os memoriais a cada um de nós. Uma araucária foi plantada no mesmo alinhamento para completar os 6, incluindo meu filho. Seis memoriais ao todo.
Da minha família original, os ciprestes representam meu pai, minha mãe, eu e meus dois irmãos. Meu pai, minha mãe e meu irmão mais novo já se foram. Ainda estamos aqui meu irmão do meio, meu filho e eu.
Ao decidir que as árvores seriam memoriais passei a visitá-las com frequência, orando por eles e por todos nós para que encontrássemos o caminho da luz, em vida ou do outro lado, por assim dizer. Tenho orado para que nossa trilha seja de luz e serenidade. O importante é que possamos resolver nossas angústias para não carregá-las para onde quer que vamos, e reconhecer nossa evolução espiritual para melhorar o nosso retorno.
Isto tem se revelado um grande ponto de equilíbrio para mim. Sinto-me em paz com meus pais e desejosa de que meu irmão mais novo que já se foi esteja no mais bem aventurado caminho que se possa seguir, lá ou aqui novamente.
Pode parecer estranho, mas esta visitação que tenho feito quase que diariamente a estes memoriais, porque tenho aguado também as trepadeiras que plantei aos pés de cada cipreste, tem me ajudado a resolver coisas históricas em relação a minha família e comigo mesma. E tenho a pretensão também de tentar ajudá-los a resolver coisas que acho que restaram entre eles. Tudo isto enquanto rego as plantas. Pois entre um cipreste e outro tenho arbustos que representam a relação entre aqueles que estão próximos. Como a que tem entre meu pai e minha mãe, a que fica entre ela e eu, entre eu e meu irmão do meio e entre este e o mais novo; e ainda entre este e meu filho. Todos estão próximos e relacionados e formam um todo espiritual que se encontraram de alguma forma neste plano atual.
Neste verão o cuidado dispensado a este recanto do jardim foi fundamental para organizar minha vida e trazer a harmonia para meu lar. Tenho pensado em alargar o canteiro de cada cipreste e plantar mudas de alecrim. Alecrins nunca são demais em um jardim. Seu aroma traz muita serenidade.
Não vejo a hora que as trepadeiras comecem a tomar conta dos ciprestes, pois já começam a se enredar neles, e que se preparem para florecer na próxima primavera. Estarei cuidando durante todo o outono e inverno para que isto aconteça. Gosto de saber que tenho memoriais no jardim.

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