quarta-feira, 28 de abril de 2010

Constrangimento

Pensei que poderia continuar dando vazão aos meus impulsos para o debate, em busca de razões múltiplas para compreender o incompreensível. Esta minha mania de querer saber mais do que o mundo menos sabe tem me deixado em maus lençóis. Procuro me refazer a cada mancada, a cada mal entendido, a cada descortesia, mas estou ficando mole. Quando tento dizer alguma coisa parece que vou causar um reboliço e isto tem me apavorado de um jeito que perco a vontade de me expor. Nos últimos dias pude ver que os ambientes estão cheios, digo contaminados, de gente sem pretensão de verdade, sem finesse para ser contrariado. Essa gente sai gritando e tentando vencer pela fala mais alta. Na verdade, impondo-se no grito, quase parecendo um touro de peito inflado de desenho animado. Em meu último episódio de tentativa de diálogo fui humilhada em frente a várias pessoas, que ficaram caladas. Na verdade, pálidas olhando a cena. Fiquei tão constrangida que só consegui murmurar que não podia ficar naquela reunião e me retirei em câmera lenta, achando que aquilo era surreal. Realmente não consegui ficar ali. Pressenti que teria uma crise de pânico. Não sei se me assombrei mais com os gritões ou se me assombrei com aqueles que ficaram calados, me vendo ser constrangida a não falar. E eu só queria exercer o meu direito de fala no grupo. A cada dia vejo que aqueles que reivindicam a reflexão são tidos como entrave ao bom andamento das reuniões que precisam ser rápidas e onde se decide coisas importantes. E pensar que se trata de um episódio ocorrido em uma universidade, aquela que deveria primar pela reflexão. Isto tudo é constrangedor.

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