domingo, 4 de abril de 2010

O vento de Páscoa

Parece que todas as Páscoas são iguais aqui no reino do vento. Que eu me lembre a Páscoa tem sempre este cheiro, este gosto de vento e chegada do frio. A diferença sempre foi ter ou não ter ovinhos de Páscoa. Igual também é esta sensação de renascimento, este gosto de vida a espera de mais vida. Quem dera fosse sempre esta impressão de pascoalidade no ar. O sol faz que vai mas não vai, a casa aberta de chão brilhante, o cheiro de limpeza feita por mim. Os planos brotam assim de um jeito esperançoso. Faço contatos, amarro projetos, sonho, inspiro autoconfiança de dias melhores. O vento sopra, a cachorra suspira, o mate é quente. A dor se esvai; deixo que ela crie outros caminhos pra longe de mim. Eu quero é vida, nova, bem nova, longe de velhos costumes, velhas idéias, velhas e sacrificadas pelas decepções. Quero novos seres, mais humanos e sensíveis, seres inteligentes. Talvez alienígenas, mas inteligentes e sensíveis. Quero um tipo de vida nova que me arrepie e saiba mexer comigo nos lugares certos. Que me faça acreditar em intenções primeiras, porque é nelas que a vida se torna verdadeira. Quero a verdade, como a verdade do vento de Páscoa soprando em meu rosto somente pra me lembrar que estou viva. Vivinha da silva.

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