sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Vícios e círculos

Quando nos empenhamos em descobrir maneiras de ser feliz criamos possibilidades. Merecemos ser felizes, se esta felicidade não custar a vida de outras pessoas. Difícil saber o limite desta entrega. Não há controle sobre isto. A vida prega peças e segue andando sem olhar para trás. Conflitos e seres aflitos são acometidos de situações inesperadas e mesmo assim precisam continuar vivendo. Lembranças podem ser caça níqueis se nossa inteligência estiver em baixa. Nossos sorrisos podem se amarelar em semblantes cansados de tentarmos acreditar na felicidade, mas lá no fundo, lá na raíz de nossa história podemos encontrar a saída. A auto análise é fundamental. Deve ser enfrentada sem rodeios ou medos do que vai descobrir. Podemos nos perguntar sobre o que fizemos com nossa ternura e o que sonhávamos para ela. Podemos retomar nossos seres de fantasia ou seguir em declínio na desesperança, que a avança a despeito de nossa necessidade de continuar respirando. Em meio a essa balburdia de impressões e sentimentos podemos também descobrir se os eternos retornos, os círculos que criamos para poder respirar, não estão nos levando a vícios, como o vício na tristeza, por exemplo. A preguiça ou o desânimo para seguir em frente podem nos empacar nos caminhos e nos levar ao vício em sentimentos menos nobres, pobres, sórdidos até. O vício na tristeza nos impede de seguir em frente. O vício, é preciso reconhecê-lo para combatê-lo, nos consome sem percebermos sua força sobre nós. É o que diriam os especialistas em vícios. Os vícios nos põem em círculos. Mas como todo o ser em recuperação é preciso estarmos dispostos a viver cada dia, um de cada vez, e não nos esvairmos em overdoses de felicidade, de ilusões, porque os tombos por certo serão maiores. O melhor mesmo é se amparar na serenidade, na verdade vista com parcimônia, compreender os círculos e deixar a mente e o espírito abertos a novos sentimentos que nos livrem de qualquer vício destrutivo. Afinal, como seres humanos, estamos em permanente risco, porque viver, viver é a coisa mais difícil que o universo nos impõe queiramos ou não aceitar.

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