segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A música me faz falta

Ai como a música me faz falta. Choro ao ver o piano lá estirado agonizando por carícias de ressucitação. O piano se esvai e minha voz calada sonha com harmonias perfeitas. Saio pela casa cantando e ocupando os espaços vazios. Em vão ensaio sozinha a Modinha de Jobim. Consigo ouvir-me e enquanto não saio à rua em busca de outros lugares me satisfaço com sonhos e catedrais ecoando minha voz. Minha voz merece, meu espírito em prece deixa; a vontade cresce. Imagino e sinto de ouvido um e arrisco sustenidos como se fosse a meso solo de todos os corais. Oceanos de sons.
Ai como a música me faz falta. Como pode a vida me deixar cantar e depois negar-me este sustento. Esta prece e lamento me cai como um blues ritimado em ondas. Ondas que meu corpo envolve e fica assim vendo nos presságios possíveis os novos momentos de minha presença onde a música também falta. E é lá, com minha saudade e desejo que me darei sem passado e futuro, buscando sentidos pra novas saudades. Assim, vivendo, fazendo da música mais que um estilo de vida, fazendo dela um desejo de viver.

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