domingo, 9 de maio de 2010

Um mundo assustador

Não adianta contemporizar as muitas situações que tenho vivenciado. O mundo me assusta. O poder da comunicabilidade das notícias sucessivas da ruindade humana me apavora. Quando parece não haver mais nada para exercitar a maldade este ser inventa outra. Crianças, velhos, moços, mares, gaivotas, montanhas, casebres, palácios são arrasados da noite para o dia. Dia de caos. Dias seguintes de mais caos. Lido com jovens diariamente e eles também me assustam. Temo pela esperança deles. Quando eu era jovem tínhamos sonhos de mudar o mundo. Além da paz, queríamos a justiça social e a liberdade para criar coisas, coisas belas. E não admitíamos que nada e nem ninguém nos tirasse a esperança de mudar o mundo. Os jovens de hoje se agarram a tradições porque estão sem paradigmas, eles são cada vez mais tradicionais porque não viram nossos sonhos se realizarem e fazem de nossas falas a surdez do futuro. Quando tento levar-lhes a importância da resistência, de continuarmos tendo idéias e empenhando esforços para mudar o status quo que eles mesmos já criticam, porque são inteligentes, eles respondem que não adianta nada, que tudo a sua volta indica que serão fracassados se tentarem fazer diferente. Eles respondem que não conseguirão lutar contra a obviedade da contradição. Fico cansada diante disto tudo. É difícil fazê-los entender que além de não sabermos o bastante não poderemos prever aonde iremos parar com nossos atos, mas devemos saber o que é certo e o que é errado e nunca desistir antes de começar. Descobrir o que é certo parece ter perdido o sentido, porque eles só se importam com a aplicabilidade imediata do que aprendem. Não conseguem entender que se aprendermos somente o que é aplicável deixaremos muitos elos para trás. Foi o que fizemos até agora como espécie. Deixamos muitos elos perdidos e é por isso que não conseguimos compreender e apreender a crise da modernidade. Eu temo pelos jovens tanto quanto temo pelo planeta. Eu gostaria de achar que eles saberão conduzir esta nave.

Um comentário:

  1. Muito bom o texto.
    Realmente somos um a geração sem perspectiva de mudanças, de falta de esperança e sem sonhos... Trágico...
    Hoje as preocupações e os próprios sonhos giram em torno (apenas) de nossos desejos egocentristas e desenvolveu-se o "Dane-se" como filosofia de vida.
    Mas é sempre bom lembrar que ainda existem exceções.

    PS: Tia, estou sem celular (estragou-se) e o tel aqui de casa esta "pai de santo". Logo, FELIZ DIA DAS MÃES! Tudo de bom! Beijos.

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