sábado, 27 de fevereiro de 2010

Viver de amor

Eu parecia tão certa que enfim aprendera a odiar. Via-me no abandono e cheia de raiva e rancor. Estava preparada para odiar, embora lutasse contra sentimentos de ódio exagerado. Afastava do pensamento maldizeres ao vento com ou sem tempestades. A confusão habitava em mim. Eu que toda a vida construira tantos castelos de paixões, histórias ensaiadas de felicidade e de ternura. Todos os castelos ruíam afinal e eu nem me abalava. Mas desta vez eu não estava preparada. Fui pega de surpresa.
Nos dias seguintes aos desmoronamentos eu abria 'novos editais' e ficava disponível a novos candidatos. Era a consciência de que o amor mora em nós e sempre que necessário plantamos mudas dele em terrenos férteis, para que floreça e nos faça feliz. É um misto de necessidade de compartilhar a vida e fuga da solidão. Ou sei lá.
Mas mesmo sendo capazes de criar estes cenários somos muito distraídos. Quando menos esperamos todos os castelos podem vir abaixo.
Talvez o grande barato de amar seja quando continuamos amando o ex-habitante de nossos castelos. Pois foi o que me aconteceu. Um belo dia, depois de exaurir minhas forças para odiar, havia perdido essa motivação. Meu coração recuperou memórias e só conseguia lembrar que só consegue amar. E daí em diante o amor pelo homem que partiu passou a ser uma boa companhia. Aquele amor do começo, dos momentos felizes e mesmo da crise. Foi um grande amor. E como diz Roberto, um grande amor não morrer assim.
Por mais que o mundo me dê motivos para odiar, o amor é minha base. O amor ainda mora em mim. Eu só sei viver de amor.

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