domingo, 24 de junho de 2012

Primeira paixonite

Sem nenhum esforço veio-me à lembrança a primeira vez que percebi o que é estar apaixonada. Dormia um sono bem leve, quando de repente um pranto involuntário me invadia, acordando minha mãe que dormia no mesmo quarto. Ao me perguntar porque chorava respondi que achava estar apaixonada pelo guri que falou comigo naquela noite. Minha mãe sorriu e disse que entendia o que eu estava sentindo e que isto é assim mesmo. E eu dizia, mas dói, uma dor aqui no peito. Claro, disse ela, é por isso que a gente chama de dor do coração quando estamos apaixonadas. Ela então perguntou por quem eu estava sentindo aquilo. Contei que o conhecera naquele final de tarde quando olhava a vitrine da loja de variedades da esquina de casa. Ele veio do nada, nunca o vira antes, e me disse que eu era linda e quando meus amiguinhos se aproximaram ele foi embora e nunca mais o vi. Até hoje fico pensando quem seria aquele menino. Parecia ser mais velho mas não muito. Ele era tão lindo e meigo. Talvez tenha sido o modelo de homem que fiquei procurando a vida toda. Alguém que visse beleza em mim, que me adulasse e me fizesse sua linda. No entando, ideal é ideal e já não se faz mais meninos como antigamente. Sei lá. Mas foi bom demais lembrar de minha primeira paixonite. Com o tempo esquecemos que a dor no peito causada pela paixão não é voluntária. Não adianta tentar dirigir o gostar, ele acontece quando quer e não há nada que se possa fazer. Ninguém manda no coração.

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