Ela queria isentar-se do mundo, ficar a mingua, só, esquecida por toda eternidade. Já não sentia o fisgado da espera, da alegria do encontro e então parava de respirar por mais segundos do que deveria. De sopetão percebia que sua imaginação estava fora de controle nos últimos dias. Ela queria muito amar o novo pretendente que viera do espaço, direto para sua casa, seu lar, seu lugar de sossego, o esconderijo dos internautas. Foram tantas as apostas de que estaria livre para amar quem quer que fosse, qual fosse a história de seu pretendente. No entanto, a história dela não estava pronta. Tentara fazer os últimos rabiscos, os últimos acertos de parágrafos incompletos, mas fora em vão. As vírgulas e pontos, postos em dúvida, saltavam aos olhos da própria leitura e foi então que se retesou, suspirou, sentiu o aperto de cinta no peito e desmaiou em desespero. O amor que chegava, chegava tarde no seu tempo de amar.
Já havia se acostumado por tanto tempo a sentir-se celibatária de todo e qualquer tesão ou sentimento de amor que não sabia como lidar com novos encontros. Não podia atender à aflição do amante pretendente que confessava urgência nos chamegos e prazeres de exaustão, gerados apenas pelo amor correspondido enredado de raízes da terra. Cobrada pelas raízes pode perceber que seu coração se fez em pedra e já não sabia germinar gerâneos. Percebendo esse terror de emoções tratou de dizer adeus antes que as raízes dele fincassem demais seu terreno e se perdessem de outros solos mais amantes e afoitos. Disse-lhe adeus em puras tolices fortes pra ser radical no punhal da desilusão, pra desimpedi-lo de sonhar retorno.
Desejando que fosse feliz, do que restava do fundo de seu coração, ela empurrou seu barco a deriva, apostando nos ventos e no amor das sereias do espaço de onde ele veio.
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