quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Minha bipolaridade

Acho que este blog já tem registrado bastante dos meus sintomas de bipolaridade, desta minha vida bipartida de sofrimento e alegria, de crença e descrença, de amor e ódio simultaneos, quase que sincrônicos provocantes de alterações de humor e de pressão arterial. A pulsação de meu coração tem experimentado seus limites e mesmo na bipolaridade do real e do imaginário transformo tudo em vida e me supero a cada tormento. Vou aos quintos dos infernos e logo a seguir experimento a mais sublime sensação de elevação existencial. E não uso droga alguma. É tudo no seco, no duro, na carne, no suor frio e no estômago.
Convivo com a fragilidade de minha saúde que vive me dando sustos, vivo em sobressalto e já não sei se quero tê-la ou perdê-la e confirmar meu pessimismo. Mas nos momentos seguintes deste derrotismo olho para o céu ou para um de meus cães e percebo a magnitude da vida e do grande desperdício que cometo ao deitar-me no sofá como se fosse pra sempre. Quem poderá me defender? Ninguém. Não há chapolin colorado por aqui. Sou órfã de chapolins e tenho muita preguiça de sair em busca de algum. Às vezes chego à conclusão de que não quero ser salva, tampouco quero salvar outrem. Quero o mais absoluto egoísmo, com requintes de crueldade abandonar a tudo que me aborrece e virar uma andarilha de mim mesma. Perder-me em isolamento e desistir da humanidade. Os cães são meus melhores amigos.
O que tenho ganhado dos humanos é muito menos do que já dei e não me contento mais com ninharia. Quando dizemos que alguém está carente é porque esta pessoa não tem nada e certamente sou uma pessoa carente de afeto.
Penso que a bipolaridade, metaforica no meu caso, porque não sou portadora deste mal na realidade, mas digamos que eu seja simpatizante, ela se confirma porque seu portador reconhece a realidade de sua solidão. A percepção da solidão talvez seja o pior dos sentimentos humanos, porque enquanto não percebemos o quanto estamos sozinhos a vida parece ser levada de roldão, sem que se veja tal fato. Sabemos que todos somos sós e que morreremos assim, tudo bem se não lembrarmos disto o tempo todo. Realizamos afetos, amizades, ligações de toda a ordem para não pensar nisto. Mas quando você se retrai por algum motivo relevante na vida e não consegue mais ter ligações com humanos vem à tona a relidade tão dolorosa que é saber que você é sozinho.
Mas terrível ainda é quando você não vê possibilidade de novos laços e vê o tempo passando direto para o fim de sua vida, a velhice. Lidar com a velhice passa a ser a outra opção para não pensar na solidão. Tenho feito isto. Tenho tentado lidar com meu envelhecimento com humor e sobriedade. Se puder fazer isto, mesmo com meus altos e baixos talvez aprenda alguma coisa nesta existência tão reles e cheia de erros e percalços.
O certo é que tudo o que fiz foi para tentar ser feliz e construir um aconchego de amor e amizade, de criação e alegria, que ainda são meu norte, meu guia de possibilidades por onde quer que eu vá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário