terça-feira, 19 de abril de 2011

Um faniquito e Guias

Há dias em que temos que aceitar a vida comum. Ir ao super, ao correio, botar gasolina. Fazer comprinhas miúdas. Daquelas com as quais nos arrastamos para decidir fazer. Daquelas comprinhas que ficam listadas no cantinho das anotações, que fazem falta, mas que podemos viver sem. Costumo distribuir minhas atividades por prioridade urgente urgentíssima. Por isso, costumo ter pendências aos montes.

Não sei o que é pior, ser uma piorra louca fazendo tudo como the flash, ou assim mesmo como faço. Vou empurrando com a barriga metafórica (deus me livre ter barriga, cruz credo, abomino) as coisas por fazer para poder viver estas gotas de tempo ao máximo. Não tenho tempo a perder com afazeres chatos. Quero perder tempo fazendo nada.

Pois bem, hoje decidi fazer destas coisas e fui ao correio para saber do que tratava o aviso que deixaram em minha caixa, sem nem mesmo baterem no portão. Mas isto é outra incomodação. Então. Chegando lá me foi dito que se tratava dos documentos do carro. Não poderia ser, ainda não paguei o imposto. Enfim, entre dúvidas e espantos, assinei o recibo. Abri ali mesmo e constatei que se tratava do documento de um carro que foi roubado de mim em 1996. Uma novela que ainda se arrasta, porque ele foi localizado anos depois do roubo e já havia recebido visitas duvidosas de pessoas que queriam que fizesse a transferência do carro para eles. Eu respondia dizendo que o carro pertence à Seguradora, porque eu já havia recebido o seguro. Esqueci desta questão já faz mais ou menos 7 anos.

E agora estava eu ali novamente em contato com este episódio, pasma, impactada, sem entender porque eu tenho que passar por estas coisas. Tentei argumentar com a funcionária do correio que recebesse de volta o documento e avisasse o órgão competente. Nada feito. Saí de lá abalada, dei uma volta de carro a caminho de outra tarefa e decidi voltar ao correio. Tentei novamente o que já contei e nada feito. A moça me disse para resolver isto porque poderia recair sobre meu nome os possíveis problemas que fossem gerados pelo condutor do veículo. Saí dali mais abalada ainda, chingando o pára-brisa do carro, inclinada para a frente sobre a direção. Totalmente descontrolada e assustada com este tipo de evento.

Tentando dar conta da outra tarefa - comprar um tênis para meu irmão - dobrei numa rua errada. Ao tentar fazer o retorno dei com os olhos numa plaquinha do DETRAN e descobri naquele instante que havia um posto do DETRAN no meu bairro. Ufa! Não precisaria ir até a cidade. Estacionei de qualquer jeito. Aproveitei o pouco movimento e entrei no lugar esperançosa que ali seria resolvido. A precariedade do lugar não me decepcionou, um verdadeiro ambiente de balneário e com toda a preguiça que se tem direito. Dois funcionários ocupados revezando atendimento.

O que não estava atendendo perguntou da cadeira em que sentava lá detrás do balcão: pois não, ele disse, em que posso ajudar. Pálida, com certeza, respondi: Me salve, tenho aqui este documento que não é mais meu mas leva meu nome. Pacientemente ele me explicou que se tratava de alguma seqüência de ações para regularizar o veículo. Que eu não me assustasse. Veria isto tão logo o sistema eletrônico que utiliza voltasse a conexão. Estava fora do ar. E eu também estava fora do ar até que a calma daquele homem aparentemente relapso me trouxe para o chão. Ficou de averiguar. Ligaria para ele mais tarde.

Nossa! Um verdadeiro faniquito numa manhã tão ensolarada. Foi uma boa desculpa para priorizar não fazer mais nada de útil o resto do dia. Sou feliz, posso fazer isto. Fiquei pensando mais tarde sobre a ajuda que recebi ao ser guiada até o misterioso posto do DETRAN, saído do nada, já que não sabia de sua existência. Obrigadinha aí protetores. Valeu. Prometo mais calma da próxima vez.

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