terça-feira, 12 de abril de 2011

Embora borá

Os dias de sol ajudam a querer mais sol. Mas em qual lugar? Os caminhos são feitos de calçadas irregulares e jovens estabanados disputam os espaços. Você é obrigada a sair do caminho, pois corre o risco de perder o equilíbrio e se espatifar na areia solta. Sinal dos tempos. Aumentou a população de transeuntes e já não tenho aquele rabinho de parar o trânsito. Às vezes desço da calçada com o rabinho entre as pernas. Como é interessante esta constatação. Acho graça. Fico feliz em ainda ter um cérebro. Está na hora de ir embora, tecer meus pensamentos em lugares sem disputa. Se for possível evitar as calçadas e horários de tumúlto. Essa energia vital borbulhante me esgota. Quero e preciso da calmaria. Ah, não tenho mais pressa. Não me apressem, não me empurrem pra areia. Tudo bem, evitarei as calçadas, as trilhas, os comandos. Sei que a opressão não vai terminar. Ainda terão os impostos, as datas de aniversário, as festividades impostas, mas poderei sonegar algumas coisas. Afinal, quem vai contrariar uma senhora, que neste momento da vida, só quer ir embora, borá, borá. Viver de preguiça, doideira artística, poesia, mas claro, não deixar de dar vassouradas nas injustiças aviltantes. Viver na bora, entre o tino e o destino. O que há de ter?

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