quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sonho de mim

Deslizava sem querer pelas frestas da estrada e me vi sendo levada pela correnteza de uma chuva torrencial de inverno. Confundida com a lama chocolate com café passei despercebida pelos salvadores do mundo. A lama engrossava, a chuva aumentava. Nem sei por onde passei. Fui levada sem direito à opinião.
Já era de manhazinha quando dei por mim no encosto de um sofá abandonado na beira do rio. O canto dos pássaros me fizeram pensar que estava em casa, mas não estava. Eu estava em algum lugar longe de casa, longe do meu aconchego, longe até de mim. Quis entrar em meus apavoramentos de costume, mas alguma coisa em mim já estava em cicatriz com fiapos de casca e resolvi tomar atitudes de coragem e dona da situação. Levantei do sofá devagar com receio de desequilíbrio e fui sentindo o chão pra ver se movia ou se estava pronto pra receber meus pés temerosos. Já de pé, olhei em volta ainda com a vista embaçada e dei por mim sentindo a carícia do vento. Estava viva enfim e sobre meus próprios pés.
Pensei em vida com sonhos de futuro, em fazer coisas como quem crê em tudo, como quem acredita que tudo vai dar certo e que nada, nenhum passado ou chuva podem provar do contrário. Respirei fundo, ouvi os pássaros cantando mais alto, mais forte e acordei. Estes eram os pássaros em meu jardim. Sonho de mim.

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