Poderia escrever mais, entregar-me à escrita, aperfeiçoar um estilo, dar
tudo de mim, chegar ao esgotamento das buscas pelo inédito, pelo não
dito. Que ilusão estaria alimentando se acreditasse nisso. Não há muito o
que ser dito ou inventado a não ser viver as rotinas com alguma
dignidade. Não me interesso mais pela criação da obra, mas por descobrir
obras de quem já acreditou ser possível criar o inédito. Por isso, hoje
me perco em aquisições de livros belos, estimando as imagens e poucos
conteúdos escritos. A botânica, os jardins, fauna, flora, fotografia. Quero a beleza do dito sem palavras. E das palavras,
desejo-as poucas, em poesia consagrada, sem medo da perda de tempo em
descobri-la. Afinal, nem tanto tempo eu tenho para esta nova fase de
ouvir aqueles que me legaram sua criação. Eu quero aconchegar-me na
história da arte e da natureza e bebe-las como licor de amêndoas, bebericar, servido passo a
passo, guardando a garrafa no armário pra ter que me levantar cada vez
que quiser calibrar o pequeno copo de cristal. Eu quero fazer pequenos
passeios e registrar imagens em minha câmera fotográfica pra poder
admirar várias vezes mais tarde, descobrindo minha amadora astúcia técnica e meu
olhar poético do mundo que ainda consigo ver. Isto não é desencantamento, ou pessimismo ou coisa pra se dizer num leito de morte não. Isto é a celebração da consciência de uma gratidão pela vida que não tem medida.
terça-feira, 18 de junho de 2013
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Política e Religião
Novos tempos, velhos templários.
Partidos políticos perderão vagas. Religiões formarão guerreiros, divisões,
retrocessos, pragas. Mídias, opiniões vagas virando corrente, leis, apenas
virtuais. Ativando-se repressões, sem saber mais se realidade ou ficção, tudo
resultará em puro cinismo, sem mais ideias, apenas lembranças. Um dia sonhamos
com a solidariedade e nem chegamos a vivê-la. Mas quando alguém ouvir um som
além ou sentir o cheiro forte do cimento, saibam que em algum lugar, um insano
atômico e centrado, bem mais perto do maquinário, clicou no botão só pra ser o
último templário. E aí, manos e manas, acabarão todas as preocupações mundanas.
Sempre irônica, em vias de ser pulverizada eu lembraria que agora ninguém mais
representaria ninguém. Poeira ou alma, vagando por novos territórios, sem
tempos ou templários.
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