quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O cão cego que veio me ver

Ouvi gemidos e levantei da cama. Já era tarde e resmunguei com a consumição. Minhas cadelas latiam sem parar. Alguém lá na rua chamava a atenção. Abri o portão para ver. Era um cão que se afogava na valeta. Meu irmão o resgatou mas o cão cambaleou e voltou para o inferno. Ele queria morrer? Ele queria viver? Talvez as duas coisas. Pelo cambalear do cão percebi que era cego. Mas o cão veio me ver. Veio a minha casa o cão velho e cego. Não recuso sinais. Minha vida também virou um caos nos últimos meses. Um caos pede um cão velho e cego e de lambuja estropiado. Minha vida está completa. Este cão é meu e de hoje em diante seremos parceiros. Pela vida ou pela morte, pelo sim ou pelo não, pelo azar ou pela sorte, o cão e eu, a partir de hoje seremos irmãos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário