quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Atleta fajuta

Quando se fica muito tempo sem testar nossa resistência e nos aventuramos a vestir a fantasia de atleta, descobrimos logo que nosso desejo de voar é maior do que nossas asas. Depois de 3 dias nesta terra abaixo de chuva e demais garoas, enfim fez-se o sol maravilhoso trazendo vida ao lugar e o alvoroço de roupas nas cordas, pessoas nas ruas falando alto; e tudo se ajeitando para o início da semana. Resolvi me fardar de atleta e sair a caminhar para conhecer o bairro de perto, sentir os cheiros, os caminhos, o ritmo dos moradores. O sol já ia alto quando enfim saí. Decidi o lado e me fui rua acima em busca da principal que me levaria ao centrinho dos Ingleses. São ruas estreitas e com calçadas mais ainda. É preciso ter certo cuidado, mas nem tanto porque o movimento é lento, um que outro mais afobado, mas nada que assuste uma palerma como eu, que quase não saía de casa.
Caminhei até quase botar os bofes pra fora. Falei com algumas pessoas para conferir meu senso de direção. Foram todos muito gentis. A certo ponto, quando já pensava em retornar, achei melhor dar uma parada e pensar um pouco na vida. Nada melhor do que um expresso com pão de queijo pra isto. Perguntei a um homem, que estava na esquina, onde teria uma cafeteria. Ele prontamente estendeu seu braço nu me apontando uma galeria e disse: entra ali que vais achar logo uma cafeteria, diz que foi o cabeludo que te mandou. Agradeci, entrei na cafeteria, pedi o café e o pão de queijo e disse quem havia me mandado. O atendente riu e disse: pois não, a senhora fique a vontade que já lhe levo na mesa.
Tomei o café e saboreava o pão de queijo, quando fui interrompida por uma candidata que logo descobriu que não sou eleitora deste estado. Mesmo assim, meio constrangida, insistiu em anotar seu nome em meu caderno de anotações, que já estava sobre a mesa. Agi com naturalidade para não constrange-la, e me dei conta do quanto esta mudança resultará na criação de novas rotinas, de novos desafios, novos encontros e principalmente de muita resistência física, porque ao relaxar, sentada lá no café, senti como se quisesse abraçar o mundo, como se o lugar sendo pequeno fosse fácil eu sair por aí a pé. Não é bem assim. Mesmo para as caminhadas exige uma estratégia e muito preparo físico para que eu não me veja exausta, longe de casa, meio desolador isto.
Navegar é preciso, mas há que se garantir um salva-vidas.

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