terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Professora com epistemofobia?

Pois é verdade. Custei a me dar conta que minha irritação e dificuldade em prestar a atenção nas pessoas tinha este medo como motivo. Parece que cheguei a um esgotamento de informação e metodologias de pensamento. Preciso desesperadamente limpar a mente, o pensamento, a casa, o jardim. Passei por um processo recente de clareamento. Pintei toda a casa de branco, paredes e janelas. Até o telhado foi pintado de branco com a justificativa de que é uma ação ecológica. O telhado branco reduz a propagação do aquecimento solar no ambiente. Pude constatar que é mesmo. A casa está bem mais fresquinha neste verão.
O branco está em toda a parte. Quero tudo as claras. Virou uma neurose, reconheço. Mas está tudo limpinho. Quero limpar a mente. Cheguei a um ponto em que os livros na estante me incomodam e quero doá-los, vendê-los, enfim, me livrar deles. Mas não se restringe à leitura não. Diz respeito a todo o tipo de informação. Passo a interpretar toda informação como redundância, repetição, mesmice, círculo vicioso, chatice.
Não vejo nada de novo, de inédito, de espetacular. Até as regravações, reinterpretações são enfadonhas.
Não suporto mais ler texto que me enviam para avaliar. São falsos, colagens absurdas, plágios descarados, retalhos sem crédito.
Tenho me afastado cada vez mais da internet, dos sites de relacionamento, das buscas. A fragilidade das informações, a poluição visual, a rapidez das imagens, os apelos comerciais, tudo isto me irrita, me esgota, me decepciona. Quero voltar à ignorância total. Ando até desaprendendo grafias de palavras. Tenho me cansado da palavra. Preciso de um tempo para retomar minha palavra. Ela está infestada de informação medonha.
Talvez eu esteja cansada. Talvez precise me aposentar. Talvez o mundo esteja besta demais. Talvez eu precise iniciar uma campanha para chamar a atenção sobre isto. Talvez deva usar o feitiço contra o feiticeiro. Deixar aqui na rede este abismo humano que esta sociedade da informação está nos aprontando, questinando e ferindo nossa humanidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário